Os algoritmos em si são novos produtos no mercado
Vivemos em um mundo cada vez mais digital e estamos criando dados a todo momento. Atividades simples do dia a dia, como ir buscar um filho na escola ou comprar algo na padaria, já geram uma infinidade de dados. Você foi de carro? Usou o GPS? Mandou uma mensagem dizendo que estava chegando? Usou o cartão de crédito? Tudo isso são gatilhos para a geração de dados. E mesmo que você tente passar um dia sem utilizar nenhum aparelho eletrônico, o simples sumiço da vida digital já é uma informação. Nós somos, consumimos e produzimos dados o dia todo, todos os dias.
Essa informação não é novidade para as empresas, que já estão atentas à Transformação Digital e, em sua maioria, reconhecem a importância desse massivo volume de dados criado diariamente. Soluções de Big Data e Business Intelligence são apenas a ponta desse iceberg, pois as empresas agora passarão a ser avaliadas não apenas pelos dados que possuem, mas pelo o que realmente é construído através dessas informações. E assim, chegamos a um mundo dos negócios, em que os algoritmos ditarão as novas regras de mercado.
Longe de ser algo novo, os algoritmos são responsáveis por tornar o grande volume de dados que as empresas atualmente possuem. Segundo Alan Duncan, diretor de pesquisas do Gartner, as organizações passarão a ser avaliadas não apenas pelo seu Big Data, mas também pelos algoritmos que transformam estes dados em ações e, consequentemente, melhoram a experiência do usuário. O pesquisador prevê ainda que até 2018 mais de 50% das grandes organizações mundiais irão competir no mercado utilizando analytics avançados e algoritmos próprios, o que irá resultar numa ruptura total com nosso atual modelo de negócios. A vantagem competitiva não está mais em ter e estudar milhões de dados, mas no que esses dados podem fazer pelo relacionamento com o seu cliente. Nossa nova moeda de troca são as relações.
Aqui cabe um parênteses sobre Business Intelligence. O estudo e análise de um grande volume de informações para geração de insights e valores para as empresas continuam sendo de importância vital. O BI nunca deixará de ter sua função, mas ele é apenas uma parte de tudo o que pode ser realizado. O BI nos ajuda a analisar acontecimentos chave, prever desafios e encontrar oportunidades. Já os algoritmos possuem um impacto direto em todas as funções dentro da organização, do planejamento de novas ações e adoção de ferramentas até social media e mobile commerce. E o BI é extremamente afetado por estes algoritmos.
Com a IoT cada vez mais presente, os dados obtidos precisam dar uma resposta imediata no mundo físico e sua interação com o consumidor ou usuário final. O inventor do Android, Andy Rubin iniciou uma incubadora de hardware para IoT para explorar dados de fontes off-line, presente no mundo real, e não da Cloud, através de algoritmos. O futuro dos algoritmos está vinculado ao sucesso de interações com o mundo físico pois apesar da revolução do Big Data na Cloud, as ações ocorrem entre as pessoas e coisas e não podemos ficar presos na nuvem. O relacionamento e as respostas imediatas são a nova chave para o sucesso dentro da já conhecida como Economia dos Algoritmos.
Os algoritmos em si são novos produtos no mercado. Desenvolvedores e empresas de TI já estão trabalhando para conseguir produzir algoritmos cada vez mais inteligentes e velozes. É interessante pensar que esse é um trabalho imenso, mas que tem como função principal se passar por algo extremamente orgânico. O papel do algoritmo é se fingir de algo tão natural, tão presente no dia a dia das pessoas, que pareça que sempre esteve ali. Quanto mais imperceptível - porém eficaz - para seus clientes, melhor.
Tanto poder acarreta também uma série de responsabilidades. Com a automação, vários problemas são resolvidos em larga escala, mas é preciso estar atento às possíveis ameaças. Questões éticas, na área da saúde e indústria farmacêutica por exemplo, precisam ser avaliadas caso a caso. Mesmo que seja para o benefício de muitos, é preciso sempre avaliar se aquela ação automática não pode gerar consequências negativas ou com uma ética questionável.
A tecnologia dos algoritmos não é algo novo, mas a forma como nossa economia e sociedade está passando a depender dela sim. Este é um mundo novo que apresenta inúmeras possibilidades. Cabe aos novos profissionais do ramo estudá-las, entendê-las e elevar seu potencial produtivo. Nossa economia nunca mais será a mesma.
(*) Luciano Sandoval é diretor Comercial e Marketing da MC1