O Grau De Mestre De Marca
Postado Terça-feira, 29 Maio, 2007 as 8:18 PM pelo Ir:. Christian Farias Santos
Uma Pequena Análise Histórica
Os primórdios da Maçonaria estão envoltos nas brumas do tempo e por sua própria estruturação não há relatos escritos, gravados, traçados ou imprimidos. Sendo assim, muito da tradição maçônica está fundamentada por seus grandes autores nos conhecimentos, usos e costumes antigos, e da construção do Templo do Rei Salomão. O Grau de Mestre de Marca não seria diferente fundamentando-se nas Sagradas Escrituras e em obras clássicas antigas.
Os Maçons Operativos estiveram presentes nas Grandes Edificações desde tempos imemoriais. Na ilustração que se segue podemos observar objetos que todo Maçom reconhece prontamente como Ferramentas de Trabalho. ?Trata-se de emblemas funerários sepultados com Sennuten de Tebas, na 20ª. Dinastia, ou seja entre 1200 a. C. e 1090 a. C.? (1). Certamente todos os Maçons de Marca identificam-se com aqueles instrumentos como o seria qualquer Mestre Maçom, pois o Grau de Mestre de Marca é a continuação da caminhada rumo ao conhecimento, tendo como base a vivência maçônica. As três Grandes Luzes lá estão para que não nos esqueçamos jamais de nossas instruções e obrigações.
Abordemos agora a construção do Templo do Rei Salomão de acordo com a tradição haviam 110 mil operários, com Oficiais Superiores que os reconheciam e podiam analisar criteriosamente seu trabalho para que cada um recebesse aquilo que merecesse. Uma parte destes trabalhadores talhava as pedras para a construção do Templo. Na Terra Santa encontramos a pedreira de Sedecias ( em hebraico, Marat Tzidhiyahu), mais conhecida como as ?Pedreiras do Rei Salomão?, é uma caverna profunda sob a muralha da antiga Jerusalém e que se estende até o Monte Moriá onde estava construído o Templo do Rei Salomão, foi redescoberta em 1854. Não se pode precisar em que época foi utilizada mas seu uso como pedreira devido aos diversos blocos inacabados.
A pedra principal lá encontrada, é uma pedra branca chamada Melech ( em hebraico, Rei), ou seja ?pedra real?. Excelente para ser utilizada em construções pois não é muito dura, não descasca e pode-se cortar enormes blocos da mesma. Quando exposta à temperatura ambiente e a luz solar endurece. Podemos tirar daí uma grande lição para nós mesmos. Se formos maleáveis como ela, mantivermos-nos puros e não perdermos nossa honra e nosso caráter, quando finalmente formos expostos à Verdadeira Luz aqueceremos nossos corações e ficaremos firmes em nossa vontade de nos tornar-mos cada vez mais homens melhores.
Fato interessante também é a profundidade da caverna que é de quase 90 metros, sob a superfície, pois o barulho das ferramentas de trabalho não pode ser ouvido no local da construção do Templo, conforme observado por I. H. William C. Blaine, 33º. Grau do R.E.A.A. que correlacionou o fato com o versículo 6:7 do 1º. Livro dos Reis, no Livro das Sagradas Escrituras: ? Na construção do Templo somente blocos talhados na pedreira foram empregados e não se ouviu no local do Templo, durante a construção, nem o barulho do malho, nem o do cinzel e tampouco nenhuma ferramenta de ferro?.
Havia uma bem montada organização funcional afim de que os operários recebessem seu salário de acordo: nove shekels por dia aos Homens da Marca, e vinte e cinco shekels por dia aos Mestres de Marca. Assim concluímos o motivo pelo qual os Companheiros não podiam receber o salário do Mestre de Marca e a punição relacionada ao ato de tentar violar esta convenção. Os Aprendizes recebiam seus pagamentos em trigo, vinho e óleo; Companheiros e Mestres em espécie.
Para certificar-se da perfeita execução do Templo era essencial rígidas condutas organizacionais e sistemas de execução para que os blocos fossem talhados, inspecionados, aprovados e assentados em seus lugares. Os Maçons de Marca aí desempenhavam seu papel fundamental. Cada operário tinha sua própria Marca a qual entalhava ou gravava na pedra talhada que era inspecionada por seu Supervisor que constatando sua excelência colocava sua própria Marca. A pedra então era colocada junto com as demais já aprovadas para avaliação do Mestre Supervisor que após aprová-la, gravava então um triângulo que além da aprovação indicava o local exato de sua localização. A pedra era então içada, instalada em seu lugar e alinhada apenas com um malho de madeira adequadamente em sua posição.
Na Escócia encontramos os mais antigos registros das ?Lojas de Marca?. A mais antiga Atas de Loja, datada de 31 de julho de 1599, da St. Mary´s Chapel Lodge of Edimburgh, está confirmada pela Marca do Vigilante. O velho Livro da Marca, de 1670, pertencente à Lodge of Aberdeen no. 1, é provavelmente o mais antigo registro existente dos Irmãos com Marcas registradas em Loja. Tornar-se um Maçom de Marca era e é uma ocasião importantíssima para um Maçom.
Na Maçonaria especulativa há uma convergência dos pesquisadores da Loja Quatuor Coronati que o ?Rito de Marca ? foi fundado em 1722 não como Rito. Na Inglaterra o mais antigo registro da Maçonaria de Marca data de 1º. De Setembro de 1769, como consta na Ata de Abertura do Royal Arch Chapter of Friendship, presidida pelo Grão-Mestre Provincial, Thomas Dunckerley. Já nos Estados Unidos o fato mais relevante é a formação do The General Grand Chapter of Royal Arch Masons que agruparia os vários Capítulos sob uma só organização, apoiada e encorajada por Thomas Smith Webb e John Hammer. Outro personagem importantíssimo foi William Preston que publicou seu livro Illustrations of Freemasonry de 1772 e Webb em seu Monitor de 1802 credita Preston como fonte de seu material o qual ele modificou para formar os Graus Americanos.
Finalizando, observamos que as Ferramentas Simbólicas são o Malhete e o cinzel ( era com elas que o Pedreiro fazia sua Marca na Pedra); a cor é Púrpura. É obrigatório que cada companheiro crie e registre sua Marca. A Marca era essencial aos Maçons Operativos, pois quando lhe faltava dinheiro, ao tomar um empréstimo, deixava sua Marca como garantia. Ficavam com os encarregados dos pagamentos ou com o Supervisor. De acordo com os Antigos Costumes, isso estava de acordo com o própria tradição religiosa da época. Era um ato fiduciário de fé, que poderia ser ressarcido com o trabalho. As dívidas eram pagas com trabalho quando o Devedor não tinha como honrar sua dívida. Daí a expressão Livre e de Bons Costumes. Quem tinha empenhado sua Marca não era Livre. Não podia ser Iniciado. Ter sua Marca entregue a um Credor era motivo de infâmia para o dono da Marca.
Concluímos que o Grau de Marca é parte essencial do aprendizado Maçônico. Não se trata de um grau de passagem e sim uma sólida base onde o Maçom do Real Arco se fundamenta para continuar em sua busca de esclarecimento.
?Santidade ao Senhor?.
Bibliografia:
1- As Pedreiras de Salomão ? Leon Zeldis ? Editora A Trolha
2-Duncan?s Ritual ? Malcolm C. Duncan ? David McKay Company
3-Maçonaria História e Filosofia ? Ambrósio Peters ? Editora Núcleo
4-O Grau da Marca ? David Mitchell ? Editora Madras
5-Ritos e Rituais Volume 1, 3 e 4 ? Xico Trolha ? Editora A Trolha
6-Dissertação do Companheiro Edgar W. Fentum
Sumo Sacerdote do Capítulo de Pesquisa Golden State, U.D.
Grand Chapter of Royal Arch Masons of California.