A Análise Da Constituição de Anderson
Postado Quinta-feira, 28 Dezembro, 2006 as 7:30 PM pelo Ir:. Newton Pontes
A legislação tradicional maçônica é constituída por:
1. A Constituição compilada por James Anderson, em Londres, e publicada em 1723, englobando os antigos usos e costumes da Fraternidade, acrescidos de normas administrativas, necessárias após a fundação da Primeira Grande Loja - a Obediência Maçônica primordial - em 1717. Essa Constituição de 1723 é o instrumento jurídico básico da moderna Maçonaria.
2. A Constituição elaborada por Laurence Dermott - publicada em 1756 - para a chamada Grande Loja dos "Antigos", fundada em 1751, para combater as inovações introduzidas pela Primeira Grande Loja, chamada por aquela, de "Moderna". Sob o título "Ahiman Rezon", essa Constituição pouco diferia da de Anderson, a não ser na parte das concepções metafísicas e religiosas.
3. A Constituição de Anderson reformada, em 1815, para servir de instrumento jurídico para a Grande Loja Unida da Inglaterra, surgida, em 1813, da fusão da Primeira Grande Loja, a dos "Modernos", com a Grande Loja dos "Antigos". Essa reforma prendeu-se, mais, à parte religiosa e metafísica, para acomodar as idéias dos "Antigos" e concretizar a união das duas Obediências.
4. Os landmarques, que são os antigos costumes, tão antigos que são imemoriais - não se sabe quando foram criados - tão consensuais, que são espontâneos - ou seja, não foram criados por ninguém, em particular, mas surgiram coletivamente - e tão importantes, que são universalmente aceitos. Nunca antes escritos, os landmarques começaram a surgir, no século XIX, em diversas classificações, dezenas delas, todas com número variável de landmarques e, geralmente, com dados conflitantes. Tudo o que tem muitas descrições diferentes, não é confiável; e é isso o que acontece com a imensa maioria dessas classificações, amplamente vulneráveis porque incluem conceitos que não são verdadeiros landmarques, mas sim, normas administrativas, situáveis no tempo, não espontâneas e nem universalmente aceitas.
5. Os oito Princípios de Regularidade, para conhecimento de Obediências e de Lojas, divulgados pela Grande Loja Unida da Inglaterra, em 1929, e largamente baseados na Constituição de Anderson. Como a Grande Loja Unida da Inglaterra é resultado da fusão da Primeira Grande Loja com a Grande Loja dos Antigos, sendo considerada a Grande Loja Mãe do mundo o seu reconhecimento é o mais importante do universo maçônico e, por isso, esses oito Princípios são aceitos mundialmente, pelas Obediências regulares.
Evidentemente, considerando-se a evolução racional do Homem, nenhum desses textos está acima de qualquer análise crítica, dentro do contexto histórico e filosófico, havendo mesmo, alguns deles - principalmente certas classificações de landmarques - que não resistem à mais elementar análise dentro de um raciocínio lógico e absolutamente imparcial.
Estabelecer essa análise histórico-filosófica, com comentários sobre as diversas correntes do pensamento, presentes na Maçonaria contemporânea, mas sem tomar partido a favor de nenhuma delas, é a meta deste trabalho, realizado por dois autores, irmanados nas idéias e no apelo intelectual que sempre estimula o honesto buscador, mas, cada um, com seu raciocínio crítico particular e com sua própria visão lógica do tema, que devem ser inerentes a um trabalho cultural conjunto, para que seja respeitada a liberdade de consciência, dom maior do intelecto humano.
E esse enfoque da tradicional legislação maçônica, nesta obra, acaba se tornando universalista, porque cada um dos autores pertence a uma Obediência regular diferente, tendo, atrás de si, toda uma estrutura doutrinária, cujo embasamento foi sendo construído, às vezes, por caminhos diferentes, aparentemente conflitantes, mas sempre convergentes na busca das metas básicas da Instituição Maçônica.
Por isso, este trabalho, mais do que a tentativa de ser apenas uma pedra polida a mais, no edifício intelectual maçônico, é um alerta ao bom senso e um chamamento à razão, para que os Maçons compreendam, por fim, que a cultura é o caminho mais curto para a aproximação das Obediências e o traço de união mais sólido para que todas as Maçonarias sejam uma só Maçonaria.
Fonte:ANÁLISE DA CONSTITUIÇÃO DE ANDERSON - José Castellani e Raimundo Rodrigues.